quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Metade das mulheres sente cólica menstrual em alguma fase da vida

Ginecologista José Bento e proctologista Fábio Atui explicam.
Saiba também por que ocorre a cólica intestinal e o que é bom evitar.

Cerca de 33 milhões de brasileiras sofrem com cólicas menstruais a ponto de impactar sua produtividade no trabalho, segundo estudo do ginecologista César Fernandes publicado na Revista Brasileira de Medicina.
A produtividade delas pode ser reduzida em até 70% nesse período, e 30% das que têm dor se afastam do emprego por pequenos períodos do dia.
Com o objetivo de explicar o que acontece de vez em quando ou até mensalmente no corpo feminino, o ginecologista José Bento e o proctologista Fábio Atui. Eles explicaram os sintomas da cólica menstrual e também da intestinal, por que elas ocorrem e o que é bom comer ou evitar.
Ao longo da vida, uma mulher menstrua cerca de 400 vezes. Quem engravida perde cerca de 20 ciclos de menstruação, entre a gestação e a fase de amamentação. E a cólica apresenta um fator familiar: mães com o problema possivelmente terão filhas com dores.
Cólica valendo (Foto: Arte/G1)
As mulheres mais jovens sofrem mais, pois o corpo ainda está se “entendendo” com a produção de prostraglandina, uma espécie de hormônio. E o movimento de contração do útero ocorre para eliminar o endométrio após não haver fecundação.
Como os hormônios contidos nos anticoncepcionais provocam atrofia do endométrio, local de produção da prostaglandina, a pílula é indicada nos casos de cólica para mulheres com vida sexual ativa e que não desejam engravidar.
Tanto para a cólica menstrual como para a intestinal, há o recurso de medicamentos, principalmente antiespasmódicos, para alívio da dor. Mas nunca se automedique: procure sempre assistência médica.
Segundo José Bento, a cólica pode começar já na primeira ovulação. Entre outros sintomas, pode causar dor de cabeça, náusea, vômito, diarreia e até desmaios. O médico também destacou a importância de anotar os sintomas em um calendário, sobre o qual se deve falar na hora da consulta.

Endometriose
Mulheres que levam uma vida mais estressante são as que mais sofrem com a doença, que é uma espécie de refluxo de sangue pelas trompas, o que chega até o abdômen e alguns órgãos. De acordo com José Bento, o sangue acumulado na cavidade abdominal, sobretudo na bexiga e no intestino, pode causar perfurações e fazer com que saia sangue na urina ou nas fezes.
Um estudo da Unifesp revela que o problema atinge de 10% a 15% das brasileiras – cerca de 6 milhões de pessoas. Além disso, 40% das que sofrem com endometriose estão insatisfeitas com a vida sexual.
Outros dados:
- 22% das mulheres com endometriose têm desinteresse constante por sexo, contra 4% das sadias
- 36% ficam mais tensas e ansiosas quando o parceiro quer fazer sexo
- 30% têm menos que duas relações sexuais por semana (contra 10% a 12%, entre as que não apresentam a doença)
- 30% estão insatisfeitas com a capacidade de trabalhar (contra 8% a 10% das que não têm endometriose)
- 25% afirmam não terem – ou terem muito pouca – energia para o dia a dia
- 33% acham que a dor física as impede extremamente de fazer o que precisam
- 45% necessitam de tratamento médico para conseguir fazer as atividades diárias (contra apenas 10% a 12% das demais)
- 30% têm frequentemente sentimentos negativos, como mau humor, desespero, ansiedade e depressão (contra 14% a 15% das mulheres sadias)


Dor de barriga
As causas mais frequentes de cólica intestinal são alimentação inadequada e pobre em fibras. Sem elas, o bolo fecal não ganha a consistência correta.
É no intestino delgado que os alimentos são selecionados para absorção. O que não se aproveita é empurrado em direção do intestino grosso, por meio do movimento peristáltico, que é involuntário e progressivo.
No intestino grosso, processa-se especialmente a absorção da água. A velocidade com que isso ocorre depende do tipo de dieta. Alguns alimentos aceleram o processo e lesam a mucosa, causando diarreia. Outros retardam o trânsito dos alimentos. Comer em excesso pode alterar essas contrações, que perdem a regularidade e se tornam espasmódicas, causando as cólicas.
Em excesso, os gases fazem com que a barriga se distenda e doa. Eles podem ser causados pelo ar engolido por pessoas que falam muito durante as refeições, usam demais goma de mascar ou roncam.
Também pode ocorrer por conta da ingestão de alimentos que fermentam. Por isso, é bom evitar feijões, folhas largas e refrigerante. O proctologista Fábio Atui ainda recomendou mastigar bem, com calma, e não fumar.
Outra causa da cólica é a infecção intestinal, que pode ser provocada por alimentos estragados ou pesados demais. Costumam durar de 5 a 10 dias.
A tendência de quem sofre de cólica intestinal é parar de comer. Isso pode agravar um possível quadro de desidratação. Durante as crises, prefira alimentos leves e beba muito líquido.

Alimentos com ômega 3 e cálcio são indicados contra a cólica, diz médico

Segundo José Bento, período menstrual longo tem mais contrações.
DIU de cobre pode piorar o problema, pois aumenta o fluxo de sangue.

O médico disse que o primeiro passo a ser tomado é investigar as causas do problema, ou seja, descobrir se ele é funcional (que acaba com o uso de pílula) ou orgânico (motivado por endometriose, mioma, cisto, pólipo, infecção ou outros fatores).
José Bento destacou que não é normal uma mulher sentir cólica, por isso precisa de tratamento, mas nunca de automedicação. Ele explicou, ainda, que uma gravidez é contada a partir do primeiro dia da última menstruação, porque é quando o corpo feminino começou a se preparar para fecundar o embrião. E quem sofre demais com as cólicas pode, sob recomendação médica, interromper o ciclo até que queira engravidar.
Se a mulher já estiver grávida e sentir cólica, precisa ficar atenta para os sintomas. Se forem contrações esporádicas do útero, até cinco vezes por dia, pode ser normal. Mas, se a dor for frequente, a mulher pode correr risco de aborto ou de parto prematuro.
Na sequência, o ginecologista comentou por que as mulheres não menstruam nem têm cólicas quando amamentam, o que é desencadeado pela ação hormonal. Nessa época, a mulher também perde a libido, a elasticidade e a lubrificação vaginais, que tendem a voltar ao normal em cerca de seis meses.
O especialista afirmou, ainda, que ovário policístico não causa cólica diretamente. Os principais sintomas são: irregularidade menstrual, aumento de peso, acne e pelos, queda de cabelo e infertilidade em alguns casos.
As mulheres podem ter cólica quando estão ovulando, disse José Bento. O dispositivo intrauterino (DIU) pode melhorar a cólica desde que contenha progesterona em sua composição. Já o feito de cobre pode piorar um pouco, pois aumenta o fluxo menstrual.
Alimentos com ômega 3 (como peixes de água fria, castanhas, nozes e óleos vegetais) e cálcio (como leite e derivados) são indicados contra a cólica, acrescentou o ginecologista. Em casos de dor muito forte, a mulher pode chegar a desmaiar.
Lavar o cabelo em períodos de cólica não altera a situação. Períodos menstruais longos tendem a apresentar mais cólica, por causa da concentração do útero. E a dor pode começar até uma semana antes da menstruação, com a queda da progesterona.
José Bento citou também que a perda de peso e gordura pode diminuir a cólica. Atletas de alto rendimento não costumam menstruar, como uma reação do organismo. E a melhor roupa para usar no período menstrual é uma confortável e folgada, que não aperte o abdômen da mulher. Por fim, o médico afirmou que usar absorvente interno não influencia na cólica, mas não se deve dormir com ele, que deve ser trocado a cada duas ou três horas.

Fonte:g1.globo.com/bemestar ((•)) Ouça essa Postagem

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