terça-feira, 29 de maio de 2012

AÇUCAR FAZ TÃO MAL QUANTO ÁLCOOL E CIGARRO

Açúcar faz tão mal quanto álcool e cigarro, diz artigo médico na 'Nature'. Consumo de alimentos doces triplicou no mundo nos últimos 50 anos. Ingestão excessiva está ligada a diabetes, câncer e doenças cardíacas.
O consumo de açúcar pode ser tão prejudicial quanto o abuso de álcool e cigarro, segundo artigo publicado por médicos na revista científica “Nature” no dia 01/02, quarta-feira. Isso porque a ingestão excessiva de sacarose e frutose, que triplicou no mundo nos últimos 50 anos, está ligada ao surgimento de doenças crônicas não-contagiosas, como diabetes, câncer e problemas cardíacos.
Em setembro do ano passado, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que, pela primeira vez na história, as doenças crônicas não-transmissíveis representam um ônus maior para a saúde pública mundial que as doenças infecciosas.
Esses males já são responsáveis pela morte de 35 milhões de pessoas por ano, segundo as Nações Unidas – 80% em países pobres ou em desenvolvimento, onde refrigerantes são muitas vezes mais baratos que água potável ou leite.
Em geral, o álcool e o cigarro são regulados pelos governos como forma de proteger a saúde da população, mas não há controle sobre a alimentação. Segundo os autores do artigo, Robert Lustig, Laura Schmidt e Claire Brindis, a regulação das autoridades deveria incluir o aumento de impostos sobre produtos industrializados acrescidos de açúcar (como refrigerantes, sucos, achocolatados e cereais), a limitação de vendas no horário escolar e em ambientes de trabalho e a imposição de limites de idade para a compra.
Mas essas regras são mais complicadas, de acordo com os pesquisadores, pois os alimentos são considerados bens essenciais, ao contrário do álcool e do tabaco.
Atualmente, há no planeta 30% mais indivíduos obesos que desnutridos, de acordo com os médicos. E a dieta ocidental, com muitos alimentos processados, tem contribuído para essas crescentes taxas. Apenas 20% dos obesos têm um metabolismo e uma vida normais – os demais sofrem com problemas como hipertensão, diabetes, apneia do sono, gordura no fígado e disfunções ortopédicas ou articulares.
As autoridades de saúde costumam considerar o açúcar como "calorias vazias", mas evidências científicas mostram que sacarose e frutose demais podem desengatilhar processos tóxicos no fígado ou reações capazes de causar uma série de doenças crônicas.
Controle do açúcar pelo mundo
Segundo os autores do artigo na "Nature", EUA e Europa ainda veem a gordura e o sal como os grandes vilões da alimentação, mas a atenção deve começar a se voltar para os produtos com adição de açúcar (moléculas de frutose acrescidas em comidas processadas).
Em outubro do ano passado, a Dinamarca optou por taxar alimentos ricos em gordura saturada, apesar de a maioria dos médicos não acreditar mais que essa substância seja a principal culpada pela obesidade. Agora, o país considera tributar os doces.
Outras nações europeias e o Canadá tentam impor pequenos impostos sobre alimentos adoçados. E os EUA já consideram taxar o refrigerante – um cidadão americano consome em média 216 litros por ano, dos quais 58% contêm açúcar.
A cidade de São Francisco, na Califórnia, proibiu recentemente a inclusão de brinquedos oferecidos em refeições fast-food. Outro limite possível para proteger as crianças seria proibir comerciais sobre produtos com adição de açúcar, destacaram os autores.

Excesso de açúcar pode afetar o cérebro, sugere estudo

Ratos que consumiram mais açúcar ficaram com reação mais lenta.
Alterações do açúcar no sangue podem afetar aprendizado e memória.

Comer açúcar demais pode consumir toda a sua energia cerebral, revelaram cientistas americanos que publicaram um estudo nesta terça-feira (15) no "Journal of Physiology", demonstrando como uma dieta com base em xarope de milho rico em frutose afetou a memória de cobaias.
Cientistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) alimentaram dois grupos de ratos com uma solução contendo xarope de milho rico em frutose -- um ingrediente comum em alimentos processados -- e água potável durante seis meses.
Um grupo de ratos tomou também um suplemento de ácidos-graxos ômega-3, que estimula a memória, na forma de óleo de linhaça ou ácido docosahexaenóico (DHA), enquanto o outro grupo não fez o mesmo.
Antes do início da ingestão de açúcar, os ratos passaram por um treinamento de cinco dias em um complexo labirinto. Os roedores foram colocados novamente no labirinto seis semanas depois de ingerirem a solução doce para ver como se saíam.
"Os animais que não tomaram DHA foram mais lentos e seus cérebros demonstraram um declínio na atividade sináptica", afirmou Fernando Gomez-Pinilla, professor de neurocirurgia na Escola de Medicina David Geffen, na UCLA.
"Suas células cerebrais tiveram dificuldade em enviar sinais entre si, prejudicando sua capacidade de pensar com clareza e lembrar o caminho que tinham aprendido seis semanas antes", acrescentou.
Uma análise mais detalhada nos cérebros dos ratos revelou que aqueles que não foram alimentados com suplementos de DHA também desenvolveram sinais de resistência à insulina, hormônio que controla os níveis de açúcar no sangue e regula a função cerebral.
"Uma vez que a insulina consegue penetrar a barreira sangue-cérebro, o hormônio pode sinalizar os neurônios, gerando reações que comprometem o aprendizado e causam perda de memória", disse Gomez-Pinilla.
Em outras palavras, comer frutose demais pode interferir na capacidade da insulina de regular como as células usam e armazenam açúcar, o que é necessário para o processamento de pensamentos e emoções.
"A insulina é importante no corpo para controlar o açúcar no sangue, mas pode desempenhar um papel diferente no cérebro, onde parece afetar a memória e o aprendizado", disse Gomez-Pinilla.
"Nosso estudo demonstra que uma dieta rica em frutose afeta tanto o cérebro quanto o corpo. Isto é algo novo", acrescentou.
"Nossas descobertas mostram que o que você come afeta como você pensa", emendou Gomez-Pinilla.
"Ingerir uma dieta rica em frutose a longo prazo altera a capacidade do cérebro de aprender e lembrar informações. Mas adicionar ácidos-graxos ômega-3 nas refeições pode ajudar a minimizar os danos", acrescentou.
O xarope de milho rico em frutose é comumente encontrado em refrigerantes, condimentos, comida de bebê e lanches processados.

Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude
Autor: Redação  Fonte: G1 - Bem Estar
Fonte: Rede ACT
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