terça-feira, 29 de maio de 2012

Ronco forte aumenta chance de câncer, diz estudo


Pesquisadores nos EUA concluíram que pessoas que sofrem com distúrbios severos de sono têm probabilidade cinco vezes maior de morrer de câncer.

Pessoas que roncam muito e sofrem de graves distúrbios respiratórios durante o sono têm uma probabilidade quase cinco vezes maior de morrer de câncer, segundo uma pesquisa americana.

Cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison acreditam que a correlação pode ser explicada pelo suprimento inadequado de oxigênio durante a noite nos pacientes com o problema.
Testes de laboratório já haviam mostrado que a interrupção intermitente da respiração leva a um crescimento mais acelerado de tumores, já que a falta de oxigênio estimula o crescimento de vasos sanguíneos que nutrem os tumores.
'Sem ar'
Os pesquisadores analisaram dados de mais de 1,5 mil pacientes que participaram de um estudo sobre Distúrbios Respiratórios Obstrutivos do Sono (DROS) ao longo de 22 anos.

A forma mais comum de DROS é a apneia obstrutiva do sono, na qual a respiração é bloqueada deixando a pessoa sem ar. Isso provoca ronco e a interrupção do sono e o problema é geralmente associado a obesidade, diabetes, pressão alta, ataques cardíacos e derrames.
Os participantes do estudo nos Estados Unidos passaram por testes a cada quatro anos que incluíam análises de sono e respiração.
Os resultados mostraram que a probabilidade de morte por câncer aumentava drasticamente de acordo com a gravidade do distúrbio.
Enquanto pacientes com uma forma leve de DROS tinham apenas 0,1 vez mais chance de morrer de câncer que aqueles não sofrem com o problema, nos pacientes com uma forma moderada de DROS a chance de morte por câncer dobrava.
Já naqueles com distúrbios graves de respiração, o risco aumentava 4,8 vezes.
Diagnóstico e tratamento
O estudo -- apresentado na conferência internacional da Sociedade Torácica americana, em San Francisco, e que será publicado no "American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine" -- fez ajustes para levar em conta outros fatores como idade, sexo, índice de massa corporal e fumo, que poderiam influenciar o resultado.

"A consistência dos indícios dos experimentos com animais e deste novo estudo epidemiológico em humanos é muito convincente", disse o líder do estudo Javier Nieto, da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin.
Agora, os cientistas querem ampliar os estudos sobre a questão e examinar a relação entre DROS, obesidade e mortalidade por câncer.
"Se a relação entre DROS e mortalidade por câncer for confirmada em outros estudos, o diagnóstico e tratamento de DROS em pacientes com câncer pode ser indicado para aumentar a sobrevida".

Excesso de peso favorece o ronco e problemas como apneia do sono

Gordura corporal comprime a garganta e torna a respiração mais difícil.
Saiba quais são os grupos de risco, sintomas e tratamentos do distúrbio.

Controlar o peso pode ser fundamental não só para evitar problemas como colesterol alto e diabetes, mas também para não roncar.
Isso porque o excesso de gordura corporal aumenta também os músculos da língua e o volume ao redor da traqueia, comprimindo a garganta e tornando a respiração mais difícil, principalmente durante o sono, quando o corpo está relaxado e o estímulo do cérebro para respirar diminui.

Apneia x obesidade (Foto: Arte/G1)
Segundo o endocrinologista Alfredo Hapern e a pneumologista Lia Bittencourt, do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a maioria dos pacientes com apneia tem a garganta (faringe) estreitada e com um formato mais arredondado, devido ao acúmulo de gordura na região e à posição da mandíbula e do maxilar, que se projetam para trás.
Quando a respiração é interrompida, a pessoa desperta – sem necessariamente recuperar a consciência e abrir os olhos.
As pausas respiratórias costumam demorar mais de 10 segundos e são consideradas anormais quando ultrapassam a frequência de cinco por hora.
O músculo da garganta também fica mais flácido com o envelhecimento, o consumo excessivo de álcool, o fumo, o sedentarismo e o uso de remédios sedativos. Para evitar o problema durante à noite, dormir de lado e de bruços ajuda.
Para o tratamento, existem dois aparelhos de pressão que são colocados nas vias aéreas, por meio de uma máscara: o CPAP e o Bipap. O primeiro joga ar em alta velocidade para desobstruir a garganta e ajudar o ar entrar com o mesmo nível de pressão na inspiração e na expiração.
No Bipap, a pressão de ar na inspiração é maior do que na expiração. Essa diferença facilita o movimento do tórax e ventila mais o indivíduo. O Bipap é indicado para casos mais graves e quando há outras doenças associadas, como bronquite crônica, obesidade grave e doenças neuromusculares.
Outros sintomas da apneia
- Sono agitado
- Aumento da micção de madrugada
- Sonolência excessiva durante o dia
- Alterações na memória e no raciocínio
- Impotência sexual

Grupos de risco
- Obesos
- Homens
- Pessoas acima dos 45 anos
- Indivíduos com alterações dos ossos da face
- Crianças e adolescentes com aumento das adenoides e amídalas
- Quem consome bebida alcoólica em excesso
- Fumantes
- Sedentários

Problemas decorrentes
- Hipertensão
- Arritmia cardíaca
- Infarto
- Derrame cerebral

Mitos
- Roncar significa estar em um sono bom e profundo
- Todo homem ronca e mulher nunca ronca

Verdades
- Dormir de lado e de bruços ajuda a evitar a apneia
- Roncar e parar de respirar durante o sono traz riscos à saúde

Como evitar
- Controle o peso
- Não coma demais nem tome bebidas alcoólicas à noite
- Evite usar remédios para dormir

- Trate problemas de nariz e garganta, como rinite, desvio de septo, sinusite, adenoides e amídalas
- Procure dormir de lado
- Se ronca com frequência, procure um médico

Segundo os médicos, quem ronca e desperta várias vezes por noite também tende a acordar mais cansado e ter problemas de aprendizado e memória durante o dia. Isso sem contar o risco de acidentes no trânsito e no trabalho.
Halpern explicou que uma mulher com circunferência de pescoço acima de 43 cm é uma grande candidata a apneia do sono. Na gravidez, essa região costuma inchar, como todo o corpo da gestante, e favorecer o ronco. O problema também piora na menopausa, quando ocorre uma diminuição hormonal no corpo feminino.
Nos homens, o volume do ronco pode chegar a 90 decibéis, comparável a um motor de caminhão ou turbina de avião, de acordo com a médica Lia Bittencourt.

Fonte:http://g1.globo.com/bemestar
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